Antes de falarmos quais as principais fontes de investimentos e como podemos adquiri-las, vamos fazer uma reflexão para entendermos que o investimento de capital financeiro é um MEIO e não um FIM.
O dinheiro é a moeda de troca das relações comerciais, é o principal meio pelo qual adquirimos produtos, serviços ou experiências. Por isso, a busca por uma fonte de investimento é uma via de mão dupla, buscamos o capital para aplicar em algo com o objetivo de gerar um retorno, ou seja, o capital irá proporcionar o desenvolvimento de alguma atividade para gerar algum resultado.
E como podemos saber se o retorno gerado pelo investimento adquirido é bom ou ruim.
Será que realmente compensa receber esse investimento de capital?
Sugiro que o empreendedor faça uma análise criteriosa dos seguintes pontos antes de buscar uma fonte de investimento de capital:
As principais fontes de investimentos de capital podem ser divididas em 4 grupos:
- Fontes para a fase inicial de um negócio (IDEIA), normalmente startups;
- Fontes de capital próprio (bootstrapping) ou subsidiado (por terceiros ou pela operação da empresa);
- Fontes com participação societária, normalmente os fundos;
- Fontes com capital oneroso, normalmente os empréstimos e financiamentos.
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A seguir trataremos cada uma das principais fontes de investimento:
1. PRINCIPAIS FONTES DE INVESTIMENTO PARA A FASE INICIAL DE UM NEGÓCIO:
Seed Capital – O capital semente, é a primeira rodada de capital para um negócio de startup. Obtém o seu nome com base em uma ideia no estágio inicial que planta uma semente para permitir que a pequena empresa cresça. Um empresário deve estar comprometido e entusiasmado na busca de dinheiro semente, uma vez que ele ou ela tem pouco mais para atrair investidores.
Por ser quase impossível prever o sucesso do projeto, os únicos investidores com probabilidade de investir no novo negócio são aqueles que respeitam o julgamento e as habilidades do empreendedor. Essas pessoas são as que conhecem melhor o empreendedor. Os investidores sementes esperam participar do sucesso do empreendedor e realizar um retorno saudável, pois seu investimento se valoriza ao longo do tempo. No entanto, o capital inicial é um investimento arriscado e a maioria dos investidores sabe disso, ou deveria.
Aceleradoras – As aceleradoras recrutam e selecionam empresas em fase inicial e orientadas para o crescimento, além de recurso financeiro, elas também oferecem educação e mentoria. As startups entram nas aceleradoras por um período de tempo fixo. O processo de aceleração é de educação intensa, rápida e imersiva destinada a acelerar o ciclo de vida das novas empresas inovadoras, reduzindo anos de aprendizado para poucos meses.
Exemplos de aceleradoras e aceleradas:
2. PRINCIPAIS FONTES DE INVESTIMENTO COM CAPITAL PRÓPRIO (BOOTSTRAPPING) OU SUBSIDIADO (POR TERCEIROS OU PELA OPERAÇÃO DA EMPRESA):
Capital Próprio (boot strap) – Recursos próprios do empreendedor.
Consiste em um conjuntos de ações e estratégicas para iniciar um negócio sem utilizar capital oneroso. A expressão vem do inglês “apertar a fivela das botas”. Sem ajuda financeira externa.
Ex.: finanças pessoais, subsídios ou das receitas operacionais da própria empresa.
FFF ou 3 F’s (Family, Friends and Fools) – Os três “F” são amigos, familiares e tolos – as pessoas a quem conversar primeiro ao lançar uma ideia.
Menos de 1 por cento das startups aumentam o capital de risco para que os 3 F’s sejam importantes. Confiar em amigos que estão dispostos a investir em você e em sua família que se sentem obrigados a investir em você é uma ótima maneira de começar. É por isso que os empresários passam muito tempo cultivando sua rede social – você nunca sabe quem pode ser um potencial financiador para sua ideia.
Além disso, muitos empresários abordam sua família, amigos e colegas para ganhar dinheiro depois de esgotar suas próprias finanças. Uma vez que esses investidores conhecem o empreendedor, eles são mais propensos a assumir o risco de financiar um novo empreendimento do que fontes de financiamento tradicionais, como bancos ou empresas de capital de risco.
Capital Subsidiado (subvenção) – São fontes de recursos que disponibiliza capital ao empreendedor e que não tem o compromisso de devolver no futuro, oferecendo algo em troca para a sociedade.
O empreendedor tem o compromisso de realizar o projeto e atingir os objetivos previamente acordados.
PRINCIPAIS FONTES COM SUBSÍDIO:
Parcerias Estratégicas – São ações comerciais com empresas que se relacionem com seu negócio.
O primeiro passo é de identificar complementariedade (quem mais pode se beneficiar com seu produto?) e fazer uma proposta com diferencial para as duas empresas.Para identificar empresas potenciais para parcerias estratégicas, basta desenhar a rede do seu negócio, identificar os segmentos alvo e buscar as parcerias.
Exemplos de parcerias estratégicas:
3. PRINCIPAIS FONTES DE INVESTIMENTO COM PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA OU CAPITAL ONEROSO:
A princípio, trataremos das fontes de investimento com participação societária, que são processos de negociações entre organizações ou pessoas físicas (cotistas) que visam transferir cotas sociais de uma empresa para outra empresa ou para outra pessoa física.
Para melhor entendimento, podemos dividir esses investidores em dois grandes grupos:
- Investidor estratégico: quando o comprador opera no mesmo segmento da vendedora e tem interesse operacional na empresa com intuito de manter o investimento no longo prazo.
- Investidor financeiro: quando o comprador tem interesse focado em maximizar o retorno por meio da retirada de dividendos e ganho de capital na venda do ativo em curto e médio prazos.
Para os investidores financeiros existe uma dinâmica que retroalimenta o sistema mantendo-o perene.
Segue abaixo um infográfico que como funciona a dinâmica de investimento dos investidores financeiros (principalmente os fundos):
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ATRATIVOS EM UM NEGÓCIO PARA OS FUNDOS DE INVESTIMENTO?
- Pessoas: Empreendedor e Equipe (com proposito e energia);
- Solução com proposta de valor consistente;
- Preencher lacuna no mercado;
- Grande e rápido potencial crescimento;
- Modelo de negócio inovador;
- Bons resultados financeiros (Receita recorrente, ROI, Lucro e Caixa);
- Diminuir o risco (Ex.: não haver informalidades / fragilidade à regulamentação);
- Boas e atrativas alternativas de saída.
O QUE OS FUNDOS DE INVESTIMENTO PODEM TRAZER DE BENEFÍCIOS PARA A EMPRESA INVESTIDA?
- Recurso Financeiro
- Gestão
- Governança
- Profissionais
- Estratégia Empresarial
- Rede de Contatos (Ex.: capitação de novos negócios com add-ons)
OS PRINCIPAIS TIPOS DE INVESTIDORES
Investidor Anjo (Angel Money) – É uma modalidade de fonte de financiamento que possui uma regra específica (Lei Complementar 155/16) e investem em pequenas startups ou empresários.
Os investidores anjos fornecem condições mais favoráveis em comparação a outros credores, tanto para o empreendedor como para o próprio investidor. Esses investidores estão focados em ajudar as startups a dar seus primeiros passos, e não tão objetivamente os possíveis lucros que podem obter do negócio em curto prazo.
Estes investidores são indivíduos que injetaram capital em startups em troca de participação societária ou dívida conversível em participação. Alguns investidores anjos também podem investir através de plataformas de crowdfunding on-line ou criam suas próprias redes de investidores para um grupo de capital.
Exemplos de investidores anjos e empresas que já foram investidas:
Crowdfunding Equity – É uma modalidade de investimento conhecida como financiamento coletivo, pois a captação é feita através de micro investidores (normalmente via internet) e esses investidor recebem participação da sociedade.
As plataformas dessa modalidade de investimento, normalmente, liberam o recurso após atingir um valor predefinido (diminuindo o risco do micro investidor). Esse financiamento coletivo, também pode praticar outras modalidades de investimento como: ONGs, filantropia, cultura, caridade, pequenos negócios, ativismo, artes, games, entre outros. No caso de contribuições que não são consideradas empréstimos nem investimentos, são classificadas como doação ou permuta, mas as recompensas são intangíveis de retorno emocional/experiência e não possuem um retorno financeiro, inclusive em alguns casos (quando previstos na lei), podem ser abatidos na declaração de imposto de renda.
Exemplos de plataformas de Crowdfunding:
Corporate Venture – É uma modalidade de investimento especial de capital de risco em que as empresas não financeiras investem em empresas-alvo, como startups ou negócio com tecnologia agregada.
Neste caso, o foco é inovação, mas também olham para retorno sobre o investimento, ou seja, perseguem objetivos estratégicos no desenvolvimento de tecnologias ou campos comerciais novos ou complementares para aqueles em que a empresa já está ativa.
Este objetivo é muitas vezes descrito como “janela de tecnologia” para ter acesso rápido e melhor às inovações. Os objetivos das empresas-alvo compreendem o acesso ao financiamento adicional, bem como o fortalecimento dos canais de pesquisa e desenvolvimento ou marketing e distribuição.
O modelo apoia as empresas investidoras a atingirem seus objetivos estratégicos de fora para dentro sem vícios (open innovation).
Exemplos de empresas com Corporate Venture:
Venture Capital – É uma modalidade de fonte de capital de risco em que os investidores oferecem às empresas iniciantes e às pequenas empresas que acreditam ter potencial de crescimento a médio e longo prazo.
O capital de risco geralmente vem de investidores, bancos de investimento e outras instituições financeiras. No entanto, como mencionado acima, esse tipo de investidor poderá agregar não apenas financeiramente, mas também em gestão, governança, estratégias, etc.
Embora possa ser arriscado para os investidores que colocam seu capital neste tipo de fundo, o potencial de retornos acima da média é um retorno atraente. Normalmente neste tipo de investimento a participação do fundo é minoritária.
Private Equity – O private equity é uma fonte de capital de investimento de pessoas e instituições de alto patrimônio líquido com o objetivo de investir e adquirir participações em empresas de maior porte.
Gestores de private equity coletam fundos e gerenciam este capital para produzir retornos favoráveis para seus clientes acionistas, geralmente com um horizonte de investimento entre quatro e sete anos (conforme legislação vigente).
Esses fundos podem ser usados na compra de ações de empresas privadas, ou em empresas públicas. O montante mínimo de capital necessário para os investidores pode variar dependendo da empresa e do fundo arrecadado. Normalmente, a saída do fundo destas empresas são através de IPO, vendas para fundos maiores ou para empresas estratégicas.
Exemplos de fundos de Private Equity:
RELAÇÃO ENTRE O SEED MONEY, VENTURE CAPITAL E PRIVATE EQUITY:
IPO – O termo IPO deriva do inglês “Initial Public Offering” que significa “Oferta Pública Inicial”.
O IPO é a primeira vez que as ações empresa privada é oferecido ao público através de uma bolsa de valores. Os IPO’s geralmente são emitidos por empresas com grande potencial de crescimento que buscam capital para expandir, mas também podem ser feitas por grandes empresas privadas que procuram tornar-se negociadas publicamente. Em um IPO, o emissor obtém a assistência de uma empresa de subscrição, o que ajuda a determinar o tipo de segurança a emitir, o melhor preço de oferta, o valor das ações a serem emitidas e o tempo para trazê-lo para o mercado.
Exemplos de empresas de Capital Aberto:
4. PRINCIPAIS FONTES DE INVESTIMENTO COM CAPITAL ONEROSO:
Antes de falarmos das fontes de investimento de capital oneroso, precisamos saber se o retorno que ele irá gerar compensa seu custo (juros).
Para isso , sem dúvida, o indicador mais completo para analisar se um investimento é positivo ou negativo a uma empresa é o seu Valuation pelo método do fluxo de caixa descontado (clique aqui e leia mais sobre o método). Pois ele irá contemplar todas as nuances desta decisão: irá mostrar a capacidade futura geração de caixa e o risco de sua utilização.
Porém, existe uma forma financeira mais simples para identificar se esse capital é viável ou não.
É o indicador chamado ROI (do inglês Return on Investment), que significa “retorno sobre o investimento”.
Mas qual é a quantidade de retorno que o capital irá gerar sobre o valor investido?
O ROI é calculado da seguinte forma:
ROI = Retorno Financeiro da Atividade que foi Investido o Capital / Capital Investido Total
Imagine uma capitação de R$100.000,00 onde iremos aumentar o retorno financeiro do negócio em R$20.000,00 por ano. Teremos o cálculo:
ROI = 20.000/ = 20% a.a.
100.000
Imagine nesse mesmo exemplo que o custo do capital (taxa de juros de um empréstimo) seja de 10% a.a. Teremos um retorno de 20% a.a. para um custo de 10%a.a.. Estamos realizando um spread sobre essa fonte de capital e isso é saudável para o negócio.
Então, para analisar a viabilidade de investimento de capital oneroso, basta ter em mente que para cada Real investido em meu negócio deverá retornar mais que o custo desse capital junto ao financiador.
Agora vamos às Principais Fontes Disponíveis no Mercado.
Empréstimos e Financiamentos – São fontes convencionais de capital oneroso, onde a empresa passa por um processo de aprovação para determinar o valor, condições e custos do capital. São formados principalmente por bancos comerciais públicos e privados e por bancos de fomento.
O importante para a utilização desse tipo de capital é de ter a convicção de que o ROI da aplicação desse capital na operação será maior do que o custo do capital (juros).
Exemplos Bancos de Fomento:
Algumas soluções oferecidas pelo BNDES:
- Financiamento Direto: acesso realizado diretamente no site pelo empreendedor.
- Financiamento Indireto: acesso via agente financeiro repassador (bancos).
Principais produtos:
- Cartão BNDES
- FINAME
- BNDES automático
- MPME Inovadora
- BNDES FGI
Peer-to-Peer Lending (Lending Money) – Também conhecido como empréstimo social.
O P2P Lending é uma modalidade financeira, possível graças à tecnologia, onde permite a um grupo de indivíduos com capital (investidores) emprestarem para indivíduos que precisam do capital (tomadores), sem o uso de uma instituição financeira oficial como intermediário. A concessão peer-to-peer remove o intermediário do processo, mas envolve mais tempo, esforço e risco do que os cenários gerais de empréstimos convencionais.
No mundo o conceito já vem sendo utilizado a mais tempo, porém, no Brasil já existem fintechs novas que atuam com o P2P Lending.
Exemplos de Peer-to-Peer Lending:
Prof. Jaziel Pavine de Lima
jaziel@valorebrasil.com.br
Especialista em avaliação de empresas pela FUNDACE USP e FIPECAFI
Professor do curso de Valuation na pós graduação da Estácio, Unisescon e BI Internacional
Founder e diretor na Valore Brasil – Controladoria de Resultados.
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