Com o auge da pandemia ficando para trás, 2022 se iniciou com as principais preocupações voltadas à inflação global: decorrente das massivas injeções de dinheiro feitas pelos principais Bancos Centrais do mundo nos últimos dois anos, a quantidade de dinheiro em circulação nos EUA subiu 40% com as impressões feitas pelo FED – Banco Central americano.
Esse temor, isoladamente, já antevia um ciclo de aperto monetário e escalada dos juros em todo o mundo. Porém, no final de fevereiro, com a invasão russa na Ucrânia, todo esse cenário foi potencializado e as consequências de médio prazo começaram a ser rapidamente sentidas por todos.
Além do aumento da percepção de risco global, Rússia e Ucrânia são dois grandes produtores de uma dezena de commodities e seus preços explodiram em questão de dias. O repasse desses aumentos, quase que imediatos, começaram a pressionar ainda mais as já crescentes infrações locais. Os índices de inflação para o mês de março foram recorde em vários países e a curva de juros futura acompanhou o movimento de estresse.
Todo esse contexto é necessário para entender o porquê de diversas empresas de capital aberto estarem sendo negociadas em um dos menores múltiplos históricos: atualmente, o múltiplo preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa está na casa de 7,5 vezes e 11,5 vezes, excluindo PETR e VALE, que somadas representam aproximadamente 27% do índice, abaixo das médias históricas de 11,7 vezes e 13,4 vezes, respectivamente. Não são raras as companhias que negociam a menos de cinco vezes o seu lucro operacional estimado para o próximo ano.
Enquanto companhias que são negociadas em bolsa e, portanto, têm oscilações diárias em seu valor de mercado, os sócios de empresas de capital fechado não percebem com a mesma clareza que o valor de seus negócios depreciou. Mas quanto maiores os juros, menores os fluxos de caixa futuros descontados e, consequentemente, menor o valor do negócio, prevalecendo o “novo preço justo”. Esse cenário já afeta o número de transações de M&A que recuou 14,6% e mostrou uma queda de 57% considerando o valor, conforme indica o levantamento da Dealogic.
Após todo o cenário de incertezas do primeiro trimestre, o mês de abril trouxe um respiro para o setor de fusões e aquisições e novas movimentações, principalmente de fintechs e startups em geral aquecem o mercado, como vimos a aquisição da EasyCrédito pela FitBank, assim como o aporte de US$ 45 milhões —o equivalente a R$ 212 milhões que a fintech Stark Bank recebeu em sua primeira rodada de negócios, em abril. Entre os investidores está Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Com a reorganização das economias no cenário pós pandemia e pós guerra o Brasil tem um potencial de destaque para atrair capital de qualidade, além de internamente o país, apesar das elevadas taxas de juros, está mais estável o que permite operações mais estáveis e positivas para fusões e aquisições.
No entanto, é sempre importante destacar que é fundamental contar com uma equipe preparada para apoiar no processo de M&A, que pode te apoiar na tomada de decisões inteligentes.