Determinar o valor de empresa no mercado não é uma tarefa simples. Para isso, podem ser envolvidas várias premissas no cálculo deste valor. Além dos elementos patrimoniais outros dados mais subjetivos e de difícil aferição são envolvidos, como: tendências de mercado, estratégias adotadas, ou mesmo o capital humano envolvido na gestão do negócio.
Mas não é apenas isso! A complexidade da questão torna-se ainda maior diante do fato de haver uma infinidade de mercados distintos, os quais são explorados por empresas das mais diversas naturezas. Diante dessa quantidade enorme de variáveis há a necessidade de se adotar critérios já utilizados e provados pelo mercado que possibilitem estabelecer parâmetros confiáveis de aferição.
Os conceitos aqui apresentados são cabíveis para qualquer tamanho de empresa, inclusive as pequenas e médias.
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OS PRINCIPAIS MÉTODOS DE AVALIAR O VALOR DE EMPRESA
Avaliação por Liquidação: considera a venda de todos os bens listados no balanço, como imóveis, máquinas e equipamentos. A partir disso, soma-se o dinheiro disponível obtendo-se um resultado, do qual desconta-se todas as dívidas para obter o valor de empresa. Este método é simples de se calcular, porém, limita-se aos imobilizados e não considera outras informações como, por exemplo, a carteira atual de clientes da empresa.
Avaliação por Múltiplos: estima-se o valor de empresa por meio da aplicação de um fator de referência, o qual tem como base empresas já avaliadas que atuam no mesmo segmento, sendo tal fator multiplicado pelo número de lucros, receitas ou EBITDAs (lucro líquido ajustado das despesas financeiras, dos impostos e da depreciação e amortização). Neste método, considera-se, por exemplo, que a empresa vale “N vezes” seu EBITDA atual. A avaliação por múltiplos não contempla, entre outras coisas, as possibilidades de crescimentos futuros do segmento.
Avaliação por Fluxo de Caixa Descontado: neste método o valor de empresa é mensurado com base em benefícios futuros que a empresa poderá gerar. Ele é bem mais completo que os métodos anteriores, pois melhor retrata o valor justo do negócio. Contempla a previsão do ambiente externo (consumidores, concorrência, conjuntura econômica, globalização, etc) o qual irá impactar na estimativa futura do crescimento das receitas, dos custos e das despesas num prazo predeterminado. O método também considera o risco de acordo com o segmento que a empresa está inserida e o custo do capital no tempo para os acionistas e para terceiros. Além disso, torna-se indicado por estar em conformidade com as novas regras contábeis (Manual da Contabilidade FIPECAFI, 2010) que prescreve que “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”.
O Valuation, como também é chamado o relatório detalhado com informações de calculo pelo fluxo de caixa operacional livre, depende de esforços multidisciplinares, pois envolve contabilidade, fiscal, finanças, economia, marketing e jurídico para composição ideal de sua estrutura.
AS PRINCIPAIS VARIÁVEIS QUE COMPÕEM O FLUXO DE CAIXA DESCONTADO OU VALUATION
Pressupostos: entendimento do segmento que a empresa está inserida, eles irão definir os percentuais previstos de crescimento e o tempo das projeções.
Horizonte de Tempo: delimitação do prazo de geração dos fluxos de caixa esperados com base nos pressupostos. O horizonte de tempo é dividido em período explícito e perpetuidade.
Lucros Operacionais Futuros: projeção dos resultados econômicos futuros que terá como base as demonstrações históricas e os pressupostos.
Gestão de Capital de Giro: variação de caixa a cada período futuro, dos prazos financeiros de recebimentos com os prazos de pagamentos.
Investimentos: também conhecidos como CAPEX (que vem do inglês, “Capital Expenditure”) são as previsões de saídas financeiras a serem realizadas para investimentos futuros em capital fixo.
Custo de Capital: taxa mínima de retorno que os investidores (terceiros e acionistas) exigem de seu capital aplicado com base no mercado e no segmento da empresa avaliada.
Com base nessas informações, chega-se ao valor financeiro de uma empresa. Como se pode perceber, para o cálculo do valor precisamos entender e analisar a empresa de ponta a ponta, por isso o levantamento do valor pelo método de fluxo de caixa descontado pode evidenciar informações além de seu valor pois este proporciona um verdadeiro diagnóstico da empresa revelando:
- A habilidade dos gestores em gerar riquezas para os acionistas;
- Possível falta de segurança nas informações (padronização);
- Fluxo de caixa negativo (muitas vezes apesar do negócio ser rentável);
- Como melhor utilizar recursos financeiros de terceiro (melhores taxas);
- Objetivos para criação do planejamento tributário;
- Melhores resultados por produtos ou serviços específicos;
- Realização de comparativos com empresas de capital aberto do mesmo segmento;
- Capacidade de perenidade do negócio;
- Permite apoiar o planejamento estratégico (elaboração de objetivos e metas).
Por fim, podemos concluir que o método de avaliação por fluxo de caixa descontado é o mais completo e indicado para calcular o valor de um negócio, devido à amplitude das premissas utilizadas e à sua multidisciplinaridade, além de estar em consonância com as diretrizes utilizadas nas mais modernas regras contábeis.